quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Ah... mas você pensa demais...

E esse é o problema.

(...)

É também o problema dos rebeldes, dos adolescentes, dos apaixonados, dos inseguros. Há sempre quem pense que a idéia é ruim, que o salto não é bom, que aquele é de confiança e que o feijão com arroz é básico demais.

Haverá sempre um moleque para pensar no que ninguém pensa, um frustrado para pensar que a culpa é dele, uma menina para pensar que é triste, a namorada para pensar que ele não está mais gostando dela, a mãe para pensar que os filhos estão transando em cantos escuros da cidade(e sem preservativo), o vestibulando jovem para pensar que sabe de tudo, um ativista chato para pensar que pode mudar o mundo, um alternativo para pensar que é diferente...

Às vezes, até que é tentador pensar que o "penso" é torto, mas... imagine o que seria da nossa teledramarturgia cotidiana tendo contato direto com a reta verdade. Já ouvi alguém dizendo que a vida é de altos e baixos, contudo, nunca ouvi um indivíduo dizer que a vida é uma linha reta. Reta é a leitura sem interpretação, é a imagem emitida por um coração que não bate, é o caminho mais curto de se chegar ao topo (não necessariamente o mais justo).

Portanto, Pensemos! Porque, afinal, o penso é maravilhosamente torto.

domingo, 14 de novembro de 2010

Para chatear os imbecis

- Mas já acabou? A gente nem começou a viver direito! Você é louca, nunca lhe entendi o bastante. Pensava até que era charme, mas é frescura, daquelas incrivelmente irritantes que só as mulheres conseguem ter. Não gostou do meu tênis? Problema no meu perfume? Fala, pô! Acha que eu tenho pouca grana? Mas eu te pago tudo, pagaria até seus beijos se você quisesse... Sem mais nem menos você termina tudo dizendo que eu sei o motivo. Eu não entendo nada, eu não sei, me explica? Tá me chamando de bobo, de infantil. Infantil é você! Para quê isso? Dá para falar minha língua?

(Silêncio)

- Isso é porque eu vivo como num filme. Estou vivendo o terceiro ato, você ainda nem ensaiou o primeiro.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Alguma coisa não acontece no meu coração

Eu não gosto mais de sair na chuva, nem observo mais a cidade em movimento da janela do carro, não canto mais no chuveiro, nem sinto mais vontade de correr pelas ruas.
Não quero mais conversar sobre meus males sem cura, não tenho mais ânimo para falar da vida alheia, não me entristeço com notícias tristes nem me alegro com relatos felizes.
Não tenho mais pratos prediletos, vontade de fazer algo diferente, sinto preguiça de sair de onde estou e ando meio sonolenta.
Às vezes a vida pára, o português não muda e você não sabe se rebola sua vida para o futuro ou paraliza aqui mesmo.
Tem algo me fazendo falta, tem um tempero faltando nessa comida. Algo era para vir e não veio. Alguma coisa não acontece no meu coração.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Por que ela não faz cinema?



Ela tem vergonha de falar,
Ela finge que não vê, mas vê melhor que todos
Quem ela ama, nem desconfia
O que ela gosta, nem ela sabe
Ela diz que precisa de outra vida para ser ela mesma.
A vida, ela encena

Porque ela não faz cinema?

quarta-feira, 7 de abril de 2010

um mês em aberto.



Existe uma grande lacuna entre ela e o elo. E ela nem desconfia porque falta a lógica nas coisas que faz, ela nem sabe que existe um tufão de cores seguindo o vento e o seus cabelos, ela nem vê que a noite está passando, ela nem se julga compulsiva, nem sabe que no passo a frente existem as mãos azuis que lhe entregarão ou tirarão a vida. Ela nem percebe a própria percepção.

E se ela sentisse dor? E se ela caísse? Errasse o caminho? E se alguém tivesse vivendo a vida por ela?
Nada importaria.

Eis a maravilha e o perigo de viver nas margens. Um risco delicioso desabrochar e ligar-se a tudo e nada ao mesmo tempo. Ela vive em abril.

sábado, 27 de fevereiro de 2010

O que te importa, exporta?

O que realmente importa nessa vida? Me importo com tantas coisas que vão se "desimportando" com o passar dos dias... Aí vem o tal de tempo trazendo novas importâncias que se vão da mesma forma que vieram. Meu erro é cair na armadilha de levar tão a sério as "desimportantes importâncias".
Busco algo ainda indeterminado, como necessito da busca, vou transferindo-a para as minhas atuais importâncias, que posteriormente vai ser passada para as futuras importâncias e assim sucessivamente até que eu ache uma forma, além do meu natural, de permanecer em calma, de cansar de buscar pelo indeterminado, atingir um caos interior no qual nada mais me importe.
Não falo em ligar o "foda-se" ou deixar tudo pro ar. O caos interior seria um estágio de vida aparentemente comum - acordar, ver um jornal, sentir vontade de ler um livro, amar, sentir sono, trabalhar, enfim. Porém, com a condição de não mais se abalar pelo indeterminado. De estar tão pleno de confusões, colisões e vida, que o indeterminado possa ser rebaixado ao vagão das desimportâncias. Vivendo assim, sem nada mais para me importar, terei o caminho livre para me exportar, para ser maior que o meu próprio corpo em eterno abalo, tão intenso e magnífico a ponto de atenuar todo e qualquer sismo.
Não sei ainda se quero alcançar o caos interior, pode ser que um dia eu até me esqueça dessa idéia, pode ser que ela permaneça como um antigo querer de criança, até lembro que desejava morar numa casa na árvore. Continuo desejando. Mas essa história eu posso contar na próxima, quando ela estiver importando para mim, ou talvez quando estiver cultuando meu caos interior numa dessas casas de árvores...

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Pasár-guarda

Deixa ela aí...
Deixe e guarde-a!

domingo, 10 de janeiro de 2010

Sente-se.

- Não precisa fazer sentido, basta ser sentido.
E não disse mais nada. Deixou-me, sozinha, abrir os colchetes da vida e ver que toda a expressão não tinha sentido. Troquei os sinais, as vírgulas, os pontos e os finais. Deu na interrogação. Mas... significa tanto, dou tanto valor ao espaço entre os colchetes. Aliás, ele é tudo o que eu tenho, é o que eu guardo, confesso que às vezes rasgo, mas tá guardado do mesmo jeito. Ao fim, nem sentido tem.
Não faz sentido o e-mail, a mensagem, a carta lida que eu deixo lá para não perder a lembrança. Não faz sentido a foto, o desenho, a música, o cd na gaveta. Não faz sentido o choro, o riso, a extrema tristeza ou alegria. Não faz sentido percorrer, ficar, parar, nascer ou morrer. Não é do sentido procurar sentidos mínimos, se é muito pequeno, não é sentido. Se é grande demais, o sentido desaparece. Mas posso imaginá-lo como banal ou vago: naquele ou nesse sentido.
Entre os meus colchetes, eu sinto. Quando eu explico o que eu sinto, não há sentido. O sentir faz o sentido fugir de sua essência. Se eu deposito sentimento naquilo que inicialmente não faz sentido, aquilo passa a ter um sentido, o meu sentido. O sentir faz o sentido ficar sem sentido. De repente o fazer sentido é vago, é limitado, é subordinado ao sentir. Ser sensível à vida é jogar fora toda a poeira e tralha que existe no fazer sentido.
Percorri o espaço entre os colchetes sem mais mudar nada. Pulei do fazer sentido para o sentir. Isto bastou para que o tempo devolvesse a calma às coisas.