quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Presente!

Uma hora eu tinha que postar, né. Ou não. A Anna presenteou O Para Guardar o Tempo com o selo do 'Olha que Blog Maneiro'! As regras estão aqui. E eu passo o selo para: Aoptimista, Cena 7, P.S. - Palavras e Silêncio, No Mundo da Lua e Outras Histórias, Devaneios e Loucuras, Privada Virtual, Quintal de Felicidades, Meio Lálálá, Toda Forma de Poder e Arché.


(ando desacostumada a postar. mas prometo que um dia eu volto. :D)

domingo, 25 de janeiro de 2009

Pelos ácaros e ferrugens de cada tarde

Li o que não queria ler. Talvez por isso a náusea mental tenha me atingido esses dias. O pôr-do-sol incomoda, as promessas de dias melhores me explodem em cefaléias e as pessoas de fumaça agridem meus dentes sensíveis. Não sou clínico geral, mas acho que sofro de alergia generalizada e alegria súbita e crônica. Tenho visão dupla às vezes, são as peçonhas que me atacam algumas vezes. Não há problema nisso.
Aprendi a falar palavras carinhosas para os estranhos afetos que me visitam semanalmente. Isso justifica meu estado em retalhos. Há pedaços de mim por todo mundo, todos eles guardados aqui dentro. Tenho a ferrugem das mentiras ditas ao pé do ouvido como grandes verdades. Eu fingi acreditar e depois passei a acreditar de fato. O que me salva é minha fuga sutil, uns poucos segundos de êxtase, uma boa dose de noites acordadas, o meu bem incomum.
Cada parte de mim tende a morrer a cada respiração. A cada ferrugem no sorriso do Sol, o brilho desfarçado por resíduos discretos. A cada deus caído por belas acusações. A cada verdade escondida para apaziguar o tempo. A cada segundo que me esqueço, para lembrar após a meia noite. A cada estrela morta que insiste em brilhar inexplicavelmente.
Mesmo assim, ainda brindo com os ácaros debaixo dos tapetes, dos livros, dos tecidos, das bebidas envelhecidas. Corto a garganta para esquecer a sede, queimo a carne viva para vencer a peçonha, mastigo a ferrugem para oxidar meus circuitos. Arranco os cabelos para sentir o vento da tarde passar. Assim, sobrevivo sem a menor dor.