quinta-feira, 31 de julho de 2008

Arremedos.

Quando o tempo é guardado nunca é por inteiro. São pedaços de retalhos costurados que se traduzem em dizeres, escritas, sonhos, gestos e pontinhas de esperança. Esperança como aquele finalzinho do lápis de cor azul que já cabe na palma da mão. São pedaços que por si só são só pedaços. Mas se houver o tal do arremedo formam o tempo das lembranças. Usam-se colas. E delas, podem se formar abismos ou jardins.
É perigoso escrever porque o tempo que foi guardado volta a pairar dentro da gente. E se escreve para guardar o tempo. Assim mesmo, numa confusão absurda de horas, pessoas e palavras. Mesmo que doa. E dói.

domingo, 27 de julho de 2008

Como caixinha de música

Hoje não ouvi a voz do profeta nem da insegurança. Só escutava os passos da bailarina insone que se debruçava sob a música, como um sabiá se entrega ao deleite do vôo mais alto.
Resolvi viajar junto com as lembranças, viver de novo o tempo que a vida parecia vida, que os doces eram de açúcar e que as lendas eram reais.
Eu tentei voltar no tempo, mas num descuido escorreguei nos ponteiros e até agora estou rodopiando sem achar a hora certa. Acho que dessa lembrança não saio mais. Se sair: saudade!
Enquanto tudo é confusão, sinto-me no clímax de uma orquestra sobre os pés da bailarina que dança segura como se estivesse guardada numa caixinha de música.

sábado, 26 de julho de 2008

... O tempo que me guarde

Uma noite dessas um profeta tresloucado falou-me que eu iria morrer se não saísse daqui... Mas, como posso eu sair sem rumo para encontrar não sei o que em não sei aonde? Como posso deixar minha vida para sobreviver?
Não sei se por medo dos sonhos, ou medo de perder o que não tenho, estou agindo para guardar o que não posso. Antes de morta, que eu tente guardar o tempo, ou vice e versa.

Tenho um prazo de 3 meses, se a profecia não se cumpre... o guardador deve estar aberto.