sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Pasár-guarda

Deixa ela aí...
Deixe e guarde-a!

domingo, 10 de janeiro de 2010

Sente-se.

- Não precisa fazer sentido, basta ser sentido.
E não disse mais nada. Deixou-me, sozinha, abrir os colchetes da vida e ver que toda a expressão não tinha sentido. Troquei os sinais, as vírgulas, os pontos e os finais. Deu na interrogação. Mas... significa tanto, dou tanto valor ao espaço entre os colchetes. Aliás, ele é tudo o que eu tenho, é o que eu guardo, confesso que às vezes rasgo, mas tá guardado do mesmo jeito. Ao fim, nem sentido tem.
Não faz sentido o e-mail, a mensagem, a carta lida que eu deixo lá para não perder a lembrança. Não faz sentido a foto, o desenho, a música, o cd na gaveta. Não faz sentido o choro, o riso, a extrema tristeza ou alegria. Não faz sentido percorrer, ficar, parar, nascer ou morrer. Não é do sentido procurar sentidos mínimos, se é muito pequeno, não é sentido. Se é grande demais, o sentido desaparece. Mas posso imaginá-lo como banal ou vago: naquele ou nesse sentido.
Entre os meus colchetes, eu sinto. Quando eu explico o que eu sinto, não há sentido. O sentir faz o sentido fugir de sua essência. Se eu deposito sentimento naquilo que inicialmente não faz sentido, aquilo passa a ter um sentido, o meu sentido. O sentir faz o sentido ficar sem sentido. De repente o fazer sentido é vago, é limitado, é subordinado ao sentir. Ser sensível à vida é jogar fora toda a poeira e tralha que existe no fazer sentido.
Percorri o espaço entre os colchetes sem mais mudar nada. Pulei do fazer sentido para o sentir. Isto bastou para que o tempo devolvesse a calma às coisas.