domingo, 7 de setembro de 2008

A causa das coisas


Um dia desses, a borboleta Morganna estava com um dedinho de prosa com a Jessika louva-deus... daí o dedo de prosa virou mão de poesia e firmaram um compromisso:
- De fino trato com que juramos ao Sol
- De prosaico compromisso que gira poesia
- Que nossa amizade nos pesque como anzol
- Quando faltar sorriso, que nos traga alegria
Mas, de repente, mais que rapidamente, a garça feroz atacou a Jessika louva-deus com um sopro barulhento, quebrando o som da poesia. Aí veio uma nuvem de grafite, aí veio a chuva espantar o sol, aí veio a libélula sem óculos pairando no caminho, aí o bosque ensurdeceu.
Tudo por causa da garça.
A borboleta Morganna, entre um pingo de chuva e outro, abriu suas asas fininhas, e o cinzento da garça foi derrotado pelo colorido da borboleta. Bateu e bateu as asas até que um tufão de alegria explodiu do outro lado do mundo...
Aí as nuvens foram embora, aí a floresta voltou a ser verde, aí a libélula achou os óculos, aí a semente da aurora germinou, aí o arco-íris se formou e a Jessika louva-deus apareceu com a asa partida, mas não estava mais ferida:
- Que nossa amizade seja doce e forte como o bater de suas asas.
E o mundo ficou todo colorido. E uma nova corrente se firmou no mundo.
Tudo por causa da borboleta.
"sei que o vento que entortou a flor, passou também pro nosso lar, e foi você quem desviou com golpes de pincel..."